Consequências dos Conflitos no Oriente Médio


A região do Oriente Médio é uma das áreas mais conflituosas do mundo. Diversos fatores contribuem para isso, entre eles: a sua própria história; origem dos conflitos entre árabes, israelenses e palestinos; a posição geográfica, no contato entre três continentes; suas condições naturais, pois a maior parte dos países ali localizados é dependente de água de países vizinhos; a presença de recursos estratégicos no subsolo, caso específico do petróleo; posição no contexto geopolítico mundial.

As fronteiras das novas nações, definidas de acordo com interesses europeus, não consideraram a história e as tradições locais, consequentemente vários conflitos ocorreram e continuam ocorrendo no Oriente Médio. Os novos Estados árabes – Iraque, Kuwait, Síria, Líbano, Jordânia – brigaram por recursos naturais e território. O conflito mais grave ocorreu na Palestina, para onde, até o fim da Segunda Guerra, havia migrado meio milhão de judeus. Quando foi criado o Estado de Israel, cinco países árabes atacaram, na primeira das seis guerras entre árabes e israelenses.



Região situada ao lado do Ocidente tendo como referência o Mar Mediterrâneo, inclui os países costeiros do Mediterrâneo Oriental (da Turquia ao Egito), a Jordânia, Mesopotâmia (Iraque), península Arábica, Pérsia (Irã) e geralmente o Afeganistão.

A condição de área de passagem entre a Eurásia e a África, de um lado, e entre o Mar Mediterrâneo e o Oceano Índico de outro, favoreceu o comércio de caravanas que enfraqueceu-se posteriormente em proveito das rotas marítimas, renovadas pela abertura do canal de Suez em 1869. Logo antes da Primeira Guerra Mundial, a região já era a maior produtora petrolífera do mundo e, por isso, despertava o interesse das grandes potências, tornando-se objeto de rivalidades e conflitos internacionais. Além da economia baseada no petróleo e das fortes desigualdades sociais, a região também apresenta problemas nas uniões tribais e étnicas, na fragilidade das estruturas de governo e, sobretudo na centralização islâmica da vida política.
A maioria dos Estados do Oriente Médio surgiram sob influencia do imperialismo franco-britânico, com a queda do Império Turco-Otomano após a I Guerra Mundial, assim a maior parte da região seria dividida em protetorados. A Palestina, a Transjordânia (atual Jordânia), o Egito, o Iraque (antiga Mesopotâmia) e a Pérsia (atual Irã) ficaram sob domínio da Inglaterra e a Síria e o Líbano tornaram-se protetorados franceses. Essa divisão obedeceu aos interesses das potências, que não levaram em conta os problemas específicos da região como as minorias étnicas e religiosas.
Após a Segunda Guerra Mundial, os países do Oriente Médio tentaram relegar a religião somente à esfera privada, através do nacionalismo pan-arabista, cujo maior líder foi o presidente egípcio Gamal Abdel Nasser. Na década de 1970, as massas urbanas e a classe média se afastaram do nacionalismo, adotando o fundamentalismo islâmico, que consolidou-se como ideologia dominante nas últimas décadas do século XX, principalmente após a Revolução Iraniana de 1979 e a ascensão do Talibã ao poder no Afeganistão.
O Oriente Médio permanece uma das áreas mais instáveis do mundo, devido a uma série de motivos que vão desde a contestação das fronteiras traçadas pelo colonialismo franco-britânico, a posição geográfica, no contato entre três continentes; suas condições naturais, pois a maior parte dos países ali localizados são dependentes de água de países vizinhos; a presença de recursos estratégicos no subsolo, caso específico do petróleo; posição no contexto geopolítico mundial; até a proclamação do Estado de Israel na Palestina em 1948, o que de imediato provocou uma série de conflitos conhecidos como as guerras árabes-israelenses, entre eles a guerra de independência de Israel, a Guerra dos Seis Dias, a Guerra de Suez e a Guerra do Yom Kippur.

PRINCIPAIS CONFLITOS NO ORIENTE MÉDIO:
Guerra do Golfo
Guerra do Afeganistão
Invasão do Iraque
Árabe-Israelense
Guerra dos Seis Dias
Guerra do Líbano
Conflito Irã-Iraque


PRIMAVERA ÁRABE:

É o nome dado à onda de protestos, revoltas e revoluções populares contra governos do mundo árabe que eclodiu em 2011. A raiz dos protestos é o agravamento da situação dos países, provocado pela crise econômica e pela falta de democracia. A população sofre com as elevadas taxas de desemprego e o alto custo dos alimentos e pede melhores condições de vida.
Países envolvidos Egito, Tunísia, Líbia, Síria, Iêmem e Barein.

Ditaduras derrubadas A onde de protestos e revoltas já provocou a queda de quatro governantes na região. Enquanto os ditadores da Tunísia e do Egito deixaram o poder sem oferecer grande resistência, Muammar Kadafi, da Líbia, foi morto por uma rebelião interna com ação militar decisiva da Otan. No Iêmen, o presidente Saleh resistiu às manifestações por vários meses, até transferir o poder a um governo provisório. A Síria foi o único país que até agora (12/03/2012) não conseguiu derrubar o governo do ditador Bashar al-Assad.


DIFERENÇA ENTRE XIITAS E SUNITAS:

Após a morte do profeta Maomé (ou Mohammed), o fundador do Islamismo e autor do livro sagrado Alcorão, houve um processo de disputa para decidir quem deveria sucedê-lo, já que o Islã não consistia apenas em uma religião desconectada do poder político. O Islã, em si mesmo, está estruturado em uma proposta de civilização que articula princípios religiosos e políticos.
Da disputa pelo direito de sucessão legítima do Profeta, duas correntes tornaram-se majoritárias: os xiitas e os sunitas. Tal disputa teve seu início em 632 d.C., quando os califas (sucessores de Maomé), que também eram sogros de Maomé, Abu Bakr e Omar, tentarem organizar a transmissão do poder político e da autoridade religiosa. Essa tentativa logrou êxito até o ano de 644 d.C., quando um integrante da família Omíada, também genro de Maomé, chamado Othmã, tornou-se califa e passou a ter sua autoridade contestada por árabes islamizados que viviam próximos à Medina. Othmã acabou sendo assassinado.

Ao assassinato de Othmã esteve associada a figura de Ali, primo de Maomé que sucederia ao califa assassinado. Os muçulmanos contrários a Ali declararam guerra ao califa e seus simpatizantes. A figura mais proeminente que contestou a autoridade de Ali foi o então responsável pelo poder da Síria, Muhawya. Esse último decidiu apurar o assassinato de Othmã e averiguar a participação de Ali no caso. Isso foi o bastante para que outro grupo muçulmano conspirasse contra Ali, que acabou também assassinado.
Muhawya, então, tornou-se um califa poderoso e transferiu a capital do califado de Medina para Damasco, atual capital da Síria. Seus oponentes, que defendiam a sucessão do califado pela hereditariedade, isto é, pelos descendentes da família de Maomé, ficaram conhecidos como xiitas, um grupo ainda hoje minoritário e que se caracteriza por ser tradicionalista, conservando as antigas interpretações do Alcorão e da Lei Islâmica, a Sharia.
Já os membros do outro grupo, muito maior em número de adeptos ainda hoje, constituindo cerca de 90% da população islâmica, ficaram conhecidos como sunitas, primeiro por divergirem 2da concepção sucessória dos xiitas e, segundo, por sempre atualizarem suas interpretações do livro sagrado do Alcorão e da Lei Islâmica, levando em consideração as transformações pelas quais o mundo passou e valendo-se de outra fonte além das citadas, a Suna — livro onde estão compilados os grandes feitos e exemplos do profeta Maomé. Daí deriva o nome sunita.


ESTADO ISLÂMICO:

É um grupo terrorista formado por jihadistas muçulmanos ultraconservadores, que são conhecidos por defenderem fundamentos radicais do islamismo.
Também conhecido por ISIS (Islamic State of Iraq and ash-Sham) ou Daesh (transliteração do acrônimo árabe), o Estado Islâmico utiliza de táticas brutais contra todas as pessoas que não seguem a sharia (lei religiosa islâmica), como a crucificação, a decapitação e outros atos que provocam a indignação e o medo em todo o mundo.
O Estado Islâmico (EI) acredita em uma variante extremista do islão, seguindo literalmente todos os ensinamentos descritos no Alcorão, livro sagrado da fé islã que foi supostamente escrito pelo profeta Maomé.
Este grupo terrorista é chamado de Estado Islâmico porque os seus membros constituíram um califado, ou seja, uma espécie de “governo” que é dirigido por um representante religioso e político que mantém como base para as leis do Estado a sharia.

Atualmente, o território do Estado Islâmico abrange parte da Síria e do Iraque, sob o comando do califa Abu Bakr al-Baghdadi, o líder do EI.
Oficialmente, a declaração do califado e a instituição do Estado Islâmico foi feita em 29 de junho de 2014.
Formado majoritariamente por membros sunitas, os principais inimigos do Estado Islâmico são os xiitas, outra seita que deriva do islamismo. Os Estados Unidos, a Europa, os membros de outras religiões e demais partidários do “estilo de vida ocidental”, também são considerados alvos a serem combatidos por estes terroristas.
Até o momento, o Estado Islâmico já realizou uma série de ataques terroristas em vários pontos mundo, com destaque para o massacre em Paris, em novembro de 2015, que matou mais de 130 pessoas e feriu outras 350.


REFUGIADOS NA REGIÃO:

Há mais de 4,8 milhões de refugiados da Síria em apenas cinco países: Turquia, Líbano, Jordânia, Iraque e Egito:


  • A Turquia acolhe 2,7 milhões de refugiados sírios, mais do que qualquer outro país no mundo.
  • O Líbano acolhe cerca de 1 milhão de refugiados da Síria, o que corresponde a aproximadamente uma em cada cinco pessoas da população do país.
  • A Jordânia acolhe aproximadamente 655,675 refugiados da Síria, o que é aproximadamente 10% da população.
  • Iraque, onde existem 3,1 milhões de deslocados internos, acolhe 245,022 refugiados da Síria.
  • O Egito acolhe 115,204 refugiados da Síria.



Até novembro de 2016, o apelo humanitário da ONU para os refugiados sírios realizado no ano só atingiu apenas 56% da meta de financiamento. 93% dos refugiados sírios nas zonas urbanas da Jordânia vivem abaixo da linha da pobreza, como 70% dos refugiados sírios no Líbano, 65% do Egito e 37% no Iraque.


NA SÍRIA

Segundo a ONU, aproximadamente 13,5 milhões de pessoas precisam de assistência humanitária urgente na Síria. A previsão é de que o número de pessoas desalojadas chegue a 8,7 milhões até o fim de 2016.
Os 5 países que fazem divisa com a Síria (Iraque, Israel, Jordânia, Líbano e Turquia) fecharam suas fronteiras para os que fogem do conflito. Atualmente, mais de 75.000 sírios estão barrados em condições calamitosas na fronteira entre a Síria e a Jordânia. O conflito na Síria, incluindo os recentes ataques em Aleppo, provavelmente aumentarão o número de pessoas tentando sair do país.
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Entre janeiro e setembro de 2016, a Síria foi a nação com o maior número de pessoas cruzando o Mediterrâneo para chegar à Europa (26,2%). Reassentamento internacional.

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